Os preços do café continuam em alta, pesando no custo da cesta básica. Símbolo da cultura centenária de Estados como Minas Gerais, São Paulo e Paraná, o produto se tornou o vilão da cesta básica nos últimos meses, com aumento acumulado que chega a quase 80%.
O café conquista os paladares de brasileiros e de estrangeiros e fez a fama do Brasil ao redor do mundo desde os séculos passados. Nesta segunda-feira (14) é celebrado o Dia Mundial do Café, grão que faz parte da história do Brasil. Em 2024, o Brasil colheu 54 milhões de sacas (60 quilos) de café e consumiu 21 milhões de sacas no ano.
No interior do Paraná, muitas cidades se desenvolveram devido à cafeicultura, especialmente durante a década de 1940, mas, nos anos 1970, quando o estado se destacava como o maior produtor nacional de café, uma forte geada, chamada de geada negra, devastou as plantações, obrigando os produtores rurais locais a investirem em outras culturas como a soja e o milho.
O professor Eugenio Stefanello, especialista em agronegócios, lembra que a geada negra foi uma das situações mais tristes já presenciadas na agricultura nacional. “Milhares de famílias ficaram à beira das estradas, saídas de fazendas onde exploravam o café, em regime de colonato, com a cara de quem perdeu tudo, sem saber para onde ir e o que fazer”, lembra, emocionado.
Depois dos episódios que devastaram a produção de café no Paraná, estados como Minas Gerais, São Paulo e Bahia passaram a liderar a produção nacional de café consolidando o Brasil como grande produtor e exportador mundial do produto. Mas agora, o produto mais tradicional do país se tornou o vilão da inflação, com uma alta acumulada de 77% em 12 meses. No cenário mundial, a alta é de 40%. E, apesar da alta expressiva, o consumo de café se mantém estável, com uma média de 4 xícaras de café por pessoa ao ano.
O que mantém o consumo aquecido, segundo especialistas, é a diversificação, cada vez maior, dos tipos de cafés plantados no Brasil e oferecidos aos consumidores. A empresária Carolina Franco de Souza explica que existem até cafés achocolatados, frutados ou cítricos. “O cliente tem muitas opções de escolha”, diz. “Tem café para cada momento do dia, aquele que vai te acordar de manhã, o que te dá boas vindas ao dia, tem aquele café para tomar após o almoço, que te dá coragem também”, brinca a barista Luciana Araújo.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), o preço do café ainda pode subir mais nos próximos meses, já que o custo de produção do café ainda não foi totalmente repassado ao consumidor. Stefanello, porém, é otimista e acredita em uma safra de recuperação neste ano. “Se a safra brasileira e mundial for maior, haverá uma queda de preços ao longo do ano e isso chegará ao consumidor”.