
Os laudos periciais finalizados indicam a presença de sangue de Vitória Regina de Souza no batente da porta do banheiro de Maicol Antonio Sales dos Santos, local apontado como o suposto cativeiro da jovem, morta aos 17 anos, em fevereiro deste ano, em Cajamar (SP). A informação foi divulgada em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (16).
O laudo mostra também que havia uma “mistura de perfil genético”, que pode ser sangue, suor ou vestígios de pele, de Vitória e Maicol no banco do carro dele, um Corolla prata. A perícia ainda confirmou que ela foi agredida antes de morrer, indicando possível tortura.
Pelo avançado estado de decomposição em que o corpo foi achado, não foi possível identificar sinais de violência sexual.
Maicol é o único preso por envolvimento no assassinato. Ele confessou o crime e foi indiciado por homicídio qualificado, sequestro e ocultação de cadáver. A Polícia Civil acredita que ele agiu sozinho. Uma reconstituição está marcada para o próximo dia 24 de abril, sem a presença do acusado.
Participaram da coletiva Fabio Lopes Cenachi, delegado de Cajamar; Ricardo Ortega, diretor do Instituto de Criminalística; Wladimir Alves, diretor do IML; e Danya Moyses Fialho, perita.
Áudios de Maicol
O Brasil Urgente obteve acesso a áudios que supostamente revelam uma ligação de celular entre Maicol e a mãe enquanto ele estava preso na delegacia. A gravação levanta uma série de perguntas e pode escancarar um problema dentro da unidade da Polícia Civil paulista.
Em um trecho do diálogo, a mãe diz “pode falar, não tem ninguém escutando”. Em outro, Maicol tenta tranquilizá-la e menciona uma possível ajuda da polícia: “eles estão falando que, se eu contribuir com eles, vão tentar me ajudar pra eu não passar a vida toda na cadeia”.
O uso de celulares por detentos é estritamente proibido. Segundo a legislação, os presos podem realizar uma única ligação em caso de prisão em flagrante. Depois disso, a comunicação é permitida apenas por cartas ou através dos advogados.
O advogado da família de Vitória, Dr. Fábio Costa, disse, por meio de nota, que protocolou uma denúncia na Corregedoria da Polícia Civil e pediu a transferência da investigação para o DHPP, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa. Segundo o advogado, o material coloca em dúvida a lisura e a seriedade das investigações em Cajamar.